A incontinência urinária (IU) é definida pela Sociedade Internacional de Continência (ICS) como qualquer perda involuntária de urina. Em mulheres que praticam esportes de alto rendimento e alto impacto as chances de incontinência urinária aumentam em nove vezes.
Há poucas pesquisas sobre o trabalho do assoalho pélvico durante a prática desportiva. O que poderia explicar a perda urinária na maioria dos exercícios seria a falta de contração da musculatura do assoalho pélvico durante o aumento da pressão intra-abdominal. Ou também as injúrias diretas ao assoalho pélvico, associado ou não a alterações hormonais e alimentares, poderiam comprometer a capacidade de contração destes músculos, predispondo a IU.
A prevalência de incontinência urinária nas atletas deste estudo foi de 76%, resultado muito superior ao encontrado em outras pesquisas com mulheres esportistas brasileiras.
Outros estudos revelam que:
- Araújo MP et al. (2008): avaliaram 37 corredoras de longa distância, com média de idade de 35 anos a prevalência da IU foi de 62,2% e a perda urinária ocorria tanto na competição como no treino;
- Antunes et al. (2011): entrevistaram 50 praticantes de academia, com faixa etária entre 25 e 50 anos. A idade média das participantes foi de 37 anos e a prevalência de IU foi de 36%.
O resultado do estudo de Antunes foi alarmante, tendo em vista que as participantes eram mais jovens (média de 20 anos), com índice de massa corpóreo adequado e sem filhos.
A atividade física de alto impacto e alto rendimento é um fator importante de permanência de IU no futuro. Ademais, quase 80% das jovens atletas de trampolim acrobático (média de 15 anos) relatam perda involuntária de urina, mesmo durante um treino curto (15 minutos).
As principais explicações para a perda involuntária de urina:
- Deslocamento do assoalho pélvico durante os saltos e mudanças de direção;
- Em esportes de resistência, como na corrida de longa distância, a IU talvez ocorra pela fadiga muscular;
- Outras hipóteses que tentam explicar a fisiopatologia da IU em atletas envolvem os distúrbios hormonais, secundários a disponibilidade energética diminuída e/ou distúrbios menstruais.
Tendo em vista a elevada prevalência de IU em atletas praticantes de esporte de alto impacto, e a provável associação com o deslocamento do assoalho pélvico e não a fraqueza muscular, as atletas devem ser ensinadas a realizarem uma pré-contração ou uma contração simultânea dos músculos do assoalho pélvico durante a realização do exercício.
A fisioterapia especifica para mulheres atletas e efetiva na prevenção e tratamento da IU com taxa de cura subjetiva ao redor de 70%e taxa de cura objetiva de 67%.